quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Perdido



Perdido

Estou perdendo a identidade,
os amigos, a poesia, a música.
Estou perdendo o ar,
a vontade, o medo, o desejo
estou perdendo o semblante,
o humor, talvez a alegria
já não sei quem sou,
já não sei se existo,
escrevo,
mas nem sei se já me perdi nas palavras.
Sei que estou perdido e (não) quero ser achado.

Anderson Rabelo

Canto iluminado


Canto iluminado

Canto iluminado
coberto de bênçãos e teorias
a base da vida e, quem diria
telefonemas frustrados
levados pelos cabos e conexões (tigre?)
arrastados pela correnteza de lágrimas
que rolam pelo rosto ao ouvir meu canto iluminado.

Anderson Rabelo

domingo, 19 de dezembro de 2010

Réu




Réu

Ouço o som do meu silêncio
e escrevo linhas descritas por outros
ouvindo o inaudível,
mexendo o imexível
e colhendo culpas das coisas que nem tenho
castigando a alma sem ela ter feito nada
e observando os pássaros cantarem de manhã felizes por serem aves.

Anderson Rabelo

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Bom dia (mesmo de noite)




Tem tempo que não escrevo não é? Desculpem, estava envolvido com as coisas da banda, mas retomo hoje com um Bom dia para vocês!!!

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Bom dia (mesmo de noite)

Quando abrimos a janela pela manhã e vemos o sol ali,
todo dia no mesmo lugar (mesmo que haja nuvens),
a gente nem imagina que a janela é só o laço do presente surpreendente que recebemos.
E olha que nem é o nosso aniversário!

Anderson Rabelo

sábado, 30 de outubro de 2010

Pela Primeira Vez


Música - Pela Primeira Vez
Anderson Rabelo
Vetor Sonoro
Clipe feito por mim também!
Ouçam!!!

Abraços,

Anderson Rabelo

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Decifra-me se puder

Decifra-me se puder

Eis o segredo da vida:
primeira pessoa do singular
no pretérito perfeito do verbo ver,
mais a sua raíz!

Anderson Rabelo

sábado, 11 de setembro de 2010

A Riscando




A Riscando

Risca à risca
e arrisca a vida
para não morrer.
Risco o risco
e arrisco tudo
para não perder.

Anderson Rabelo

domingo, 22 de agosto de 2010

Tente Mudar



Olá galera,

às vezes faço algo que não é da proposta do blog, porém quero anunciar à vocês a nova banda que tá começando a surgir aí, VETOR SONORO composta por

Anderson Rabelo (que por acaso sou eu) - Guitarra solo e vocal
Lucas Sniper - Guitarra base e vocal
Marilson Tupiniquim - Bateria
Mateus Silva - Baixo e Vocal

Espero que curtam o som da banda, esta é a nossa primeira gravação.

Quem quiser conhecer mais é só acessar: http://www.myspace.com/vetorsonoro

Um abraço a tod@s,

Anderson Rabelo

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

sem fim

Nu vens...


Nuvens vestidas

O que seria das nuvens
se elas voassem vestidas?

Nu vens

Lá vem você,
veste-se ou acaso
Nu vens para cá?

Anderson Rabelo

terça-feira, 10 de agosto de 2010



Por causa que

Falar errado é igual a fazer xixi fora do vaso.
Fazer xixi fora do vaso é igual a falar errado,
sabe porque?
Por causa que tá errado uai!

Anderson Rabelo

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Censura


Censura

Censura em 64
Chegou ao fim e veio a mim.
Que porra é essa que tu fez?
Censurado e fim.

Anderson Rabelo

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Adulteci


Adulteci

Quando vejo que adulteci
me assusto.

Anderson Rabelo

domingo, 1 de agosto de 2010

Bailando com a morte


Bailando com a morte

Quando eu morrer não derramem lágrimas sobre meu caixão,
reguem as plantas com elas, é mais necessário.
Quando eu morrer derramem, sim,
poemas,
gotas de tintas e,
se puder,
deixem uma caneta perto do meu coração,
significará que minha vida foi escrita com muito amor,
e que vivi de peito aberto ao mundo
e, agora, meu corpo escreve algo sob a terra.
Meu corpo é mais um livro que alguém leu, fechou e guardou.
Quem sabe no futuro alguém contará minha história?

Anderson Rabelo

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Trindade Santa


Trindade Santa

Sou um palhaço
que não ri da vida
nem sorri pra ela,
mas que se faz religião
entre o homem ,
o sorriso e a vida
Amém!

Anderson Rabelo

Olhos infantis


Olhos infantis

Nos olhos habita uma criança
que sequestra o adulto
e não enxerga o tempo
e embora o corpo cresça
a alma permanece jovem
embora o sol se ponha,
a luz ainda brilha nos olhos,
pois crianças tem medo do escuro.

Anderson Rabelo

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Vid(graç)a



Vid(graç)a

A vida é uma graça,
divirta-se de graça!

Anderson Rabelo

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sono


Sono

O sono chega mansinho
quando o som do silêncio
soa no pé do ouvido baixinho...
soninho...

Anderson Rabelo

domingo, 18 de julho de 2010

Calaboca



Calaboca

Cale a sua boca!
Cale a boca!
Cala a boca!
Calaboca!
Cabô!

Anderson Rabelo

quinta-feira, 8 de julho de 2010

...de cara limpa... desabafo de um falso-poeta, falso-eu, falso, ah, vai, você entendeu!!!


...de cara limpa...

entre sois e luas com gotas de estrelas no céu, paro para falar de mim, sem o pó que a poesia usa
para maquear o poeta, ou, com essa onda de a morte do autor lançada por Barthes, e de pensarem que o texto é uma brincadeira de palavras. Gostaria de pensar a vida, a minha vida, gostaria de desabafar e não descarregar sobre ninguém um peso que é meu e que é tão grande que prefiro partilhar com quem lê este blog, abraçar a proposta verdadeira da blogsfera, mas não um diário.
Garanto que muitos já ouviram aquela pergunta muito original: "sabe quando estamos no lugar e nos sentimos sozinhos?", pois bem, sabe? Você anda o mundo conhecendo gente, pensando que é amigo e que, na verdade, são nuvens, umas grandes, outras pequenininhas e você é a planta sendo molhada e aí você descobre que não anda o mundo, o mundo é uma esteira de academia, onde vc anda, anda e não sai do lugar, e quando olha para os lados, ou para cima, não tem regador nem nuvens, mas você cresce. Aí você vê, existem árvores que dão frutos e sombra. Existem as árvores que dão sombra, não frutos. Existem as árvores que matam qualquer outro tipo de planta que pense em nascer por perto - estas são as de nariz empinado - e existem as que nascem para serem arrancadas do chão e virarem móveis, mas quando você não acha sua função, que planta você é? Ultimamente tenho me achado erva-daninha, às vezes até imito outras pessoas para conquistar outras pessoas e aí - inspiro bem forte - descubro que ninguém me quer por perto. Não, não quero ler nos comentários: "excelente texto", pois este é o contrário da auto-ajuda, este texto é redundante, pois trata-se de auto-suicidio (sem mortes). Às vezes tudo roda sem eu mover um pé do chão, às vezes tudo passa sem eu cobrar um tostão e hoje eu tô aqui na frente desse computador escrevendo besteiras que se alguém ler, vai ficar por isso mesmo. Eu disse que era autor lá em cima? Às vezes acho que sou, mas de verdade, não sou nada, ouso citar a mulher que mais idolatro na literatura, Cecília Meireles:

Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

mas mudo apenas um trecho, primeira estrofe:

Eu canto porque sou chato
e a minha vida está incompleta.
Não sou alegre nem sou triste:
muito menos poeta.


Finalizo aqui meu período longo de baboseiras e, espero, nunca mais ter que escrever de cara limpa e deixar Barthes matar este autor(?) para que a imaginação flua nas entrelinhas da poesia do não-poeta aqui.

Anderson Rabelo

domingo, 4 de julho de 2010

No meio do escuro


Por sugestão de gil e em homenagem ao poste na frente da minha casa que me incomoda na hora de dormir e a Drummond por ter escrito esse poema besta meu Deus...

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No meio do escuro

No meio do escuro havia um poste
havia um poste no meio do escuro.
Eu dormiria muito mais feliz
se não fosse o miserável desse poste,

que havia no meio do escuro.
Aquilo mudou o meu sono!

Anderson Rabelo

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Quartas de final de um funcionário qualquer





Quartas de final de um funcionário qualquer

Sou brasileiro e não desisto nunca.
Sou brasil(eiro) e (não) desisto, nunca.

Sou brasil(trabalhador) e (não) desisto, nunca.

Sou trabalhador brasileiro e meu dinheiro não entrou,

desistir? Nunca, (des)classificados!

Quartas de final e jornal.

Get out boy!


Anderson Rabelo

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Poesia


Diferenças entre poesia e poema

Poesia

eu quero ver,
eu quero ver,
eu quero ver,
eu quero ver!

Poema

eu quero ler,
eu quero ler,
eu quero ler,
eu quero ler!

Anderson Rabelo

Conto de fadas


Conto de fadas

Ele beijou a princesa,
todos acharam lindo,
mas no felizes para sempre
existiu a TPM
e viveram nervosos algumas vezes.

Anderson Rabelo

Culpa


Culpa

Um erro
(errado)
e a bomba explode
(fode)

Anderson Rabelo

terça-feira, 29 de junho de 2010

Foice e mar(te)lo


Foice e mar(te)lo

Quando tudo foice e martelo
foi-se embora para o mar tê-lo

Anderson Rabelo

quinta-feira, 17 de junho de 2010

GREVE



GREVE,

Tudo estava em greve
quando uma mão foi lá
e desgrevou tudo!
Desgraçado!

Anderson Rabelo

sábado, 12 de junho de 2010

...por falar em literatura...




...por falar em literatura....


blog novo na área, onde eu e mais duas estudantes de Letras (Milena Farias e Juliana Santos) fazemos um breve histórico da nossa literatura e nossos autores.

Acessa lá!!!

http://porfalaremliteratura.blogspot.com/

Anderson Rabelo

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fracasso


Fracasso

O fracasso sonda sua vida,
você tropessa, mas não cai
até o dia em que se esborracha
e o fracasso passa sangue no seu corpo
para os urubus virem comer sua carne
e cabe a você limpar-se das feridas
ou cair de vez no abismo do vazio da morte.

Anderson Rabelo

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ser


Ser

Onde eu não tô
nem sempre eu sou.

Anderson Rabelo

sábado, 29 de maio de 2010

Epitáfio




Epitáfio

Quando a alma resolve se despir,
guarda a roupa a sete palmos do chão.

Anderson Rabelo

modificando, modificando, modificando...


modificando, modificando, modificando...

As pessoas se repetem,
assim como as palavras se repetem,
assim como as falas se repetem,
assim como a vida...
bem, esta sim não se repete,
se modifica infinitamente.

Anderson Rabelo

terça-feira, 25 de maio de 2010

Inteligente




Inteligente

Encontrar um inteligente é igual a chupar limão,
AZEDO!
Mas experimente colocar açúcar e água,
o azedume é amenizado.

Anderson Rabelo

quinta-feira, 13 de maio de 2010

à torto e à direta




à torto e à direta

Caminho por estrelas
a torto e a direita
e quando me percebo,
eu sou o brilho delas.
Brilho nos olhos
de alegria e de lágrimas sofridas,
Eequando eu me derramo,
uma estrela cai do céu me acompanhando.
E eu volto à terra e enxugo lágrimas,
arrancando sorrisos, felicidade
é quando vejo a estrela ao contrário, subindo
Eeme diz: “vem” e eu subo de volta,
E eolto a caminhar por estrelas
À torto e à direita.

Anderson Rabelo

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Quem sou eu?


Quem sou eu?

Tem pessoas que dizem que sou legal,

tem pessoas que dizem que sou chato.
Tem pessoas que dizem que sou ignorante, brutamontes,
tem quem pense que eu sou lerdo.
Outro dia me disseram que eu sou imoral.
Há aqueles que dizem que sou de Deus,
que sou do Diabo,
que sou isso,
que sou aquilo.
Meu Deus do Céu, quanta esquizofrenia.
Ainda bem que sei quem sou,
nada de loucura,
sou simplesmente
Anderson Rabelo.

Anderson Rabelo

sábado, 1 de maio de 2010

Vento se espalhando




Vento se espalhando

Eu te amo de um jeito
Que faz parar de ventar no sertão
Só pra que o vento balance teus cabelos.
Amo-te de um jeito que a chuva cessa no Saara
Só para molhar o teu corpo para que eu te seque com meus lábios
E de um jeito que o sol se abre pra iluminar teus olhos verdes
E o céu também, se abrindo e te fazendo tal qual uma santa,
Eleita. A escolhida para caminhar comigo,
ou eu escolhido pra ir contigo
Seja lá pra onde for,
De braços dados,
Mãos dadas,
Beijo,
Selado.

Anderson Rabelo

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Obviedades


Obviedades

Se eu não visse, eu não teria visto,
se eu não me lembrasse, eu me esqueceria.
Se eu não ouvisse, eu não teria escutado,
se eu não te amasse, eu não me amaria.

Anderson Rabelo

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Desaprendendo



Desaprendendo

Quando a gente nasce,
a gente voa,
voa e cresce e cortam as asas,
nos ensinam mentiras,
escondemos verdades.
Quando a gente cresce,
não sabemos voar.

Anderson Rabelo

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um sinal diferente

Um sinal diferente

............
Éramos casados há quase onze anos, mas todos nós somos susceptíveis a erros. Sexta-feira passada saí com meu cunhado para curtir a a noite e ele me apresentou sua amiga Clara. Linda, cabelos pretos, lisos até metade das costas, pequena, mas com um corpo escultural, olhos castanhos brilhantes me dizendo "vem!", e eu fui!

............Manhã de sábado e acordei ao lado daquela mulher escultural, Rosana me passava na cabeça cantando: "...como uma deusa você me mantém...", mas aquele céu, logo se tornaria o inferno quando lembrei que Toni havia voltado para casa sem mim e a Rosana que cantava na minha cabeça, foi tomando uma forma assemelhada com a de Berbela segurando aquele ralador de queijo e cantando: "...vou queimar teu peito no isqueiro, sobe chama, sobe chama...".
............É meu amigo, abri a porta e a imagem que estava em minha mente tomava forma. Parece que o autor do livro "O Segredo" tinha razão, só que ao contrário, eu tava era FODIDO!!! Berbela gritou:
............- Olá senhor Gema, passou a noite em um ovo?
............- Hã? - não entendi a indireta mais direta da história.
............- Se fazendo de desentendido, quem dorme com a Clara é a Gema, ou estou errada? - Foi o Toni, aquele filho de uma puta, eu pego aquele viado!
............- Amor, não é nada disso que você está pensando - agora sei porque os autores de novela usam essa frase, experiência de causa. - eu posso...
............- Cale a boca, você vai pegar todas as suas roupas agora e sair de casa, tem dez minutos, se adiante!
............- Mas...
............- Mais você vai ter com aquela galinha, afinal é do ovo que vem ela!
............Fiquei triste, onze anos que eu joguei fora. Berbela entrou no banheiro, arrumei minhas malas e no momento que estava saindo, ouvi um grito choroso:
............- Espere! - era Berbela me abraçando e calando minha boca com o dedo antes que eu falasse qualquer coisa e disse:
............- Saulo, não vá!
............- O que houve?
............- Entrei no banho e rezei, pedi aos deuses que me dessem um sinal, apenas um sinal para saber se deixava você ficar. O ódio foi grande, mas eu senti uma dor-de-barriga forte, sentei no vaso e - ela suspirou - Saulo, meu cocô saiu em forma de coração, foi um sinal, eu sei, fique, eu te amo!!!
............Parei por três segundos estupefato. Suspirei e virei de costas. Ri baixo e esse sorriso se transformou em uma gargalhada, me embolei no chão até me urinar. Daí eu percebi que ela falava sério. Endureci meu semblante, entrei em casa, fechei a porta e disse:
............- Lave as mãos, ainda estão fedendo.

Anderson Rabelo

terça-feira, 2 de março de 2010

Amor à vida (homenagem à vida, curta a vida curta e tão amada)





Poema que homenageia a Vida, inspirada em Marcus Menna, tava vendo uns vídeos dele pela net e senti necessidade de homenagear a vida e por que não o próprio Marcus..., para ver a música que me inspirou, clique AQUI

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Amor à vida (homenagem à vida, curta a vida curta e tão amada)

Tão amada por tantos,
Tão apreciada e tão rara
Vida cara, rara vida,
que na ânsia de aperfeiçoarmos
o que foi feito imperfeito propositadamente,
apostamos com a morte que podemos sair da versão beta
e virar uma nova versão, 4.0
tal qual máquinas que não podem falhar
e pasmem, encontramos erros alheios que nos fazem perder a aposta.
O que resta é querer voltar no tempo e pedir de volta os sonhos
E dizer que não faria tal loucura,
que apenas sentaria à beira da praia
pra ver o sol se calar.


Anderson Rabelo

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Vida de Estátua



Vida de Estátua

A vida de uma estátua não é nada fácil, se você quiser ser estátua um dia, pense muito antes dessa decisão. Sempre tem um idiota pra tirar fotos com a gente fazendo as poses mais bizarras. Tentam ser nossos amigos, nos abraçam – às vezes estão sem tomar banho há dias – tentam ser engraçados para seus amigos, mas na boa, de graça nem a tentativa. Outro dia um desses achou-se tão íntimo que sentou no meu colo e queria me beijar, veja se posso com isso. Se eu pudesse me mexer, dava uma porrada nesse maldito!!! Isso quando não tentam nos assaltar, isso merece até uma dica e aproveito para deixar aqui o meu repúdio a esses covardes que agem com violência com a gente. Nós estamos desarmados e não vamos correr, pra que a violência? Meu primo Drummond por exemplo, já não suporta mais ter que esperar fazerem novos óculos todos os dias. Soube que ele agora tem óculos reservas pra dar ao ladrão e coitado, quebraram o braço dele, o cara ganha o óculos e ainda quebra o braço do presenteador, que absurdo, pedido carinhoso: ladrões, por favor, cheguem com carinho, a gente é legal (suportamos até os idiotas que só querem tirar fotos imbecis com a gente, imagine com vocês) estamos desarmados, é só chegar com calma que tudo é seu, não nos violentem!

Quem dera que nossa vida fosse feita apenas de humanos, temos outros amigos insuportáveis, capítulo dois, os pombos, malditos pombos, primeiro que pousam sobre nossas cabeças, ombros, corpos e não podemos nem enxotá-los, segundo que nos cagam todo e aí só uma chuva para nos limpar já que os modelos fotográficos não têm a coragem de nos lavar quando necessário (fica a dica, já que sentam no nosso colo, podem nos dar banho também, apesar de sermos tesos, não temos nenhum tipo de ereção, não vamos fazer nenhum mal a você, pode acreditar, cuidem bem de nós, somos carentes). Pousam, cagam e vão embora, sempre odiei pombo antes de ser estátua, agora, depois de estátua, odeio mais ainda, até posso fazer uma campanha: “MORTE AOS POMBOS!!!” e não me apareça nenhum órgão pra defender esses bichos, nós não temos nenhum sindicato, mas somos mais fortes do que o que vocês podem pensar.

Fora esses benditos pombos, capítulo três, recebemos chuva, sol, vemos a noite, o dia, e de tudo um pouco. Outro dia um cara sentou do meu lado muito doido fumando algo numa lata de coca-cola, virou pra mim dizendo:

- Ei maluco, vai um tapa aí? – continuei calado, afinal, não falo com qualquer um, mas ele continuava:

- Por que não fala nada? Ta me achando com cara de maluco é? – sim, estava achando – pois bem, vou te mostrar quem é o doido – esse cara se armou como se fosse soltar um Kame-Hame-Há, inclinou o corpo e me deu um murro tão bem dado... ainda bem que Newton estava certo sobre a lei da ação e reação, sem mexer um dedo, minha testa reagiu dando um “Zidanne” contra a mão dele, e, linda e amaldiçoadamente, ele quebrou uma falange do seu dedo, juro a você, me diverti muito com isso.

Tantas histórias já aconteceram comigo nessa vida de estátua, até sexo já fizeram do meu lado (e eu doido querendo tirar uma lasquinha, a mulher era muito boa, mas não me mexo – mais uma vez, podem me limpar os cocôs de pombo que não vou atacar ninguém, não porque eu seja bom, mas porque não me mexo mesmo – fiquei a noite toda ali, observando os dois, parado, igual a Roberto Carlos na copa de 2006 ajeitando a meia enquanto o jogador da frança passava por ele ao caminho do gol. É, nós estátuas sofremos mais que vocês humanos que vivem reclamando que a vida é dura. Duro sou eu, literalmente duro e parado. É como eu já falei aqui no início, vida de estátua é difícil, repense sua vida se um dia quiser ser uma. Esse é um pouquinho da minha história com o mundo, agora já vou, afinal, preciso fazer meu trabalho.

Depoimento de uma estátua qualquer na cidade do Salvador na Bahia indignada com a forma com que são tratadas.

Anderson Rabelo


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domingo, 14 de fevereiro de 2010

O carteiro e o poeta


O carteiro e o poeta

No universo das letras
todas as cartas são poemas,
mesmo as que anunciam exílio
e fazem-me conhecer o verdadeiro poeta
que poetiza a vida metaforizando-a,
sussurrando ao pé do mar o nome de sua querida
Beatrice.

Anderson Rabelo

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Tempo de Deus



Aos que acompanham meu blog, dei uma sumida, estou de férias e aproveitei pra tentar gravar um demo do meu cd pra correr atrás de gravadora, aí em cima é a base da música que estou gravando para pôr no cd, prometo voltar após o carnaval (ou até antes) com mais poemas, e olha que tem alguns aqui já hein?

Abraços,

Anderson Rabelo

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Completo




Completo

Quem não sabe aproveitar o momento
Quem não sabe provar do sabor
do beijo,
do mel,
da foto,
dos poemas,
dos desejos...
Não sabe viver,
não sabe amar,
se apaixonar, sonhar
e meu sonho bom, agora
é vida completa,
eu sou completo.

Anderson Rabelo