quarta-feira, 30 de julho de 2008

Apenas observo




Apenas observo...

Obeservo atentamente
cada gesto,
cada olhar,
cada passo em direção de não sei quê,
não sei onde,
mas observo e fixo meu olhar
no horizonte, no mar, em você,
nas areias que de infinitas assemelham-se
às estrelas,
ao Amor de alguém,
simplesmente alguém
que não conheces,
mas te observa
atentamente...

Anderson Rabelo

sexta-feira, 25 de julho de 2008




Hoje eu sou feliz

Abro os olhos no primeiro sentido da manhã
percebendo o gosto do que foi a noite
e ainda sentindo os toques e a maciez dos lábios em minha carne.
Sinto o chão e a fraqueza ainda estremece meu corpo
que se fez revigorado pra despertar nesse dia
vendo o sol sorrir pra mim
abençoando a minha vida,
e dizendo que hoje eu sou feliz.

Anderson Rabelo

quinta-feira, 17 de julho de 2008

lixo, Lixo e LIXO




lixo, Lixo e LIXO

O lixo vai pro Lixo
e o Lixo pro LIXO
e o LIXO pra onde vai?
Não existe lIxO, nem LiXo
nem qualquer outra combinação
que vá do LIXO ao LUXO
que parte da luxúria das palavras
e a carência de lixeiras das nossas mentes
vãs
e indecentes por não saber
onde o LIXO vai parar
e produzimos lixos reais e intelectuais
de mesmices reinventadas, recicladas,
tiradas de LIXOs, vindas de Lixos e lixos
luxuosos e pouco aproveitáveis, altamente reaproveitados.
lixos, Lixos e LIXOS...

Anderson Rabelo

Último suspiro



Último suspiro

E quando o último suspiro sopra o peito,
no sangue corre a dor e o desejo,
o medo, a angústia,
a coragem e o estado de alegria e tristeza
juntos nesse último suspiro e piscar de olhos
e pensamentos iguais num breve momento onde não há
o mundo, a política, religião, dinheiro,
nem armas, bandidos, infortúnios...
só nós dois e o céu,
nós dois nesse encaixe perfeito de quebra-cabeças
e um último suspiro da noite que nada atrapalha
no momento em que me fazes Adão e eu a ti Eva
e o suspiro e a repulsa dos continentes, pangéia
e algo que ainda une o oceano da paixão e do desejo
e um toque dos dedos provocando paz no Oriente Médio
e flores no Saara, tulipas!
e chuva no sertão.

Anderson Rabelo

terça-feira, 15 de julho de 2008

Sin ti



Sin ti

Yo quiero olvidar lo que es pasado en mi vida
que me ha hecho vivir sin felicidad
sin sonrisa
sin música en mis oídos
Quiero que tu te olvides
Quiero borrar el día de ayer
En mi mente
En mi alma
En mis sentidos.

¿Adonde vás?

Yo no lo sé
y tampoco sé
Vivo mi vida queriendote a ti
Pero és mejor que sea así
Yo acá y tu ahí
tan pronto se olvide lo que es pasado en mi vida...
Tan pronto...

Anderson Rabelo


Em português...
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Sem você

eu quero esquecer o que se passou em minha vida
que me fez viver sem felicidade
sem sorriso
sem música em meus ouvidos
Quero esquecer você
quero apagar o dia de ontem
em minha mente
em minha alma
em meus sentidos

Aonde você vai?

Eu não sei
nem quero saber
vivo minha vida querendo você
mas é melhor que seja assim
eu aqui e você aí
só assim esquecerei o que passou em minha vida
só assim...

Anderson Rabelo

sábado, 12 de julho de 2008

A reflexão sobre a merda

A reflexão sobre a merda

Certa vez ouvi o meu vizinho gritar:

  • Vai à merda!

Ele gritava com um cobrador de impostos. Interessante como alguns minutos antes ele o recebia com um sorriso largo de quem recebia um irmão em sua casa, porém, no momento que o cobrador se apresentou, ele começou a mudar, primeiro deu um sorriso constrangido e se mostrou um tanto incomodado, depois disse que não tinha como pagá-lo naquele momento e finalmente perdeu sua aparente serenidade mandando-o à merda. Aquilo me fez refletir:


UM


Ontem acordei cedo, escovei meus dentes, tomei um banho, a água estava uma delícia, não queria sair dali tão cedo, mas estava atrasado para o trabalho, tomei meu café, bem simples, pão, manteiga e café, o dia estava lindo, o sol aparecia pela minha janela refletindo nos pisos de madeira da minha casa, hoje seria o dia.

Cheguei no trabalho, aos poucos cada um chegava, trabalho no Colégio Pedro Lopes, sou professor de Literatura. Quando cheguei à sala de aula, pude perceber dois alunos que discutiam:

  • Você é um otário, ainda não percebeu que não se encaixa nessa sala? Vai pra lá Zé Mané...

  • Otário? Venha aqui que eu vou te mostrar quem é o otário seu filho da puta!

Por sorte, alguns alunos separaram os dois. Quem fazia chacotas era o Marquinho, ele não era um mau garoto, mas por ter tudo nas mãos, achava que podia tudo. O outro era o Fernando, menino esforçado, pobre, ganhou a bolsa naquele colégio graças a uma prova que havia feito, era bom para o colégio ter alunos inteligentes, seu nome crescia na rua.

Quando eles foram separados, o Marquinho ainda falou:

  • Seu vermezinho, isso não vai ficar assim.

E o Fernando retrucou:

  • Vai à merda.

Foi a primeira vez que o termo “merda” me chamou a atenção. Imediatamente os dois alunos foram encaminhados para a sala do S.O.E., e lá receberam suas punições. Enfim, minhas aulas foram dadas, saí do Pedro Lopes, me dirigi ao Modernista, e por fim ao Lucas Ribeiro – esse estadual. Diferente dos outros colégios, o Lucas Ribeiro era muito mal instalado. Era um antigo casebre sem manutenção há anos, no piso já se via a terra por onde aquela casa fora fundada, o telhado não tinha laje e algumas telhas estavam quebradas, quando chovia, era capaz de ver alguns alunos com seus guarda-chuvas abertos dentro da sala, quando havia alunos nas salas, era mais fácil encontrá-los na fila da merenda ou batendo papo na porta da sala, quase nunca entravam. Cheguei na sala 012, olhei os raros alunos na porta e falei:

  • Vamos?

Uma moça linda, magra, morena, cabelos presos empapados de creme, seus olhos vivos e lábios carnudos me disse:

  • Vai à merda!

Mais uma vez estou de frente ao clássico: “vai à merda”, e hoje escuto o meu vizinho mandar o seu cobrador de impostos à merda. Será que esse termo realmente é tão pesado quanto penso? Dei minha aula, hoje eu falava sobre o Romantismo. Era difícil dar aula para eles quando não queriam, mas o Romantismo conquistou essa sala, principalmente quando mencionei o pacto dos poetas românticos. Contava de uma forma teatral para eles:

  • Os poetas da segunda geraçao se reuniam num bar e faziam um pacto entre eles; escarravam num cálice de vinho e passavam pelo círculo com a finalidade de que todos bebessem do escarro. Todos deveriam beber, aquele que não bebesse era considerado um homem que não se podia confiar. Por isso, muitos deles morriam de tuberculose, uma doença incurável na época. - Novamente a menina que me mandou à merda fala:

  • Ai professor, que nojo, eu ia comer ainda... – todos caem na gargalhada, aproveito e chamo a sua atenção delicadamente:

  • E mandar as pessoas pra merda não é nojento? - Ela ficou muda e um pouco mais pálida de nervoso. – Não precisa ficar assim Cíntia, é que hoje presenciei essa frase algumas vezes, e queria colocá-la em discussão, o que acham?

  • Hã? – indagou um dos alunos no fundo da sala.

  • Mas mandar ir à merda é tão comum. – Cíntia enfim quebrara sua mudez de espanto – você pode escutar isso de mim ou na rua em qualquer briga.

  • Tem razão Cíntia, mas mandar ir à merda, se parar pra ver, faz todo o sentido, não é tão mal ouvir isso, o que acham? - Eu disse abrindo um largo sorriso percebendo as suas carinhas tão confusas e seus olhos me metralhando como que estivessem perguntando se estou louco.

  • Você Luiz, está aqui porque?

  • Porque minha mãe me colocou aqui!

  • Humm, tá, mas não é isso que eu pensei, alguém aqui pensa em fazer vestibular?

  • Eu! - Disse um menino gordinho, baixinho, possuía uma cicatriz no rosto do lado direito e um olhar sereno. Admirava muito esse menino, porque ele tinha coragem de peitar os professores nas horas corretas e de corrigi-los quando necessário.

  • Diga Almir!

  • Quero fazer Direito. – Todos riram e escuto um rapaz chamado Jailton falar:

  • Com esse colégio aqui, você no máximo vai ser boy!

  • Vai à merda! - disse Almir

  • E vai à merda mesmo! - falei percebendo que todos os olhos se voltavam para mim com um ar espantado, um professor falando que o aluno vai à merda. Absurdo! – Pensem; Almir quer estudar e ser alguém na vida, e vocês também, não importa a sua profissão, mas para que vamos trabalhar?

  • Pra ter dinheiro. – Disse mais um dos meus “inteligentíssimos” alunos.

  • Exato e sem dinheiro passamos...

  • Fome. – disse Leonardo da direita da sala.

  • Chegamos onde eu queria chegar. Trabalhamos para nos sustentar, para comer, compramos roupas, mas quem faz essas roupas ganham para comer também, quem faz as roupas compram linha, e quem faz as linhas ganham para comer e assim vai.

  • Que viagem – Disse Leandro. Sorri e completei:

  • E a comida no final vai virar...

  • MERDA! – Disse o coro de alunos da minha sala.

Saí da sala imaginando meu vizinho novamente gritando com o cobrador de impostos:

  • Vai à merda! - e o cobrador respondendo:

  • Estou trabalhando para isso!


Anderson Rabelo

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Você




Você

Ritmo suave
e toca, e sopra, e beija
a boca, a pele, a alma,
teu corpo um sonho almeja
um toque, um desejo, um afago.

Versos inacábaveis
e rabisca, e escreve, e almeja
o mar, o céu, uma estrela
pra dar ao som de aves
um mundo, um amor, uma fortaleza.

Anderson Rabelo

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Morangos

Mordo a carne e sinto a sensação
do desejo de sentir o cheiro, a pele, a emoção
e os cabelos grudados em suores ardentes
em fogo, em toques, em chamas altas e fortes
de intensidade e num súbito suspiro uma fraqueza
que invade o corpo, a alma, e traz leveza
tão boa e tão doce quanto
Morangos.

Anderson Rabelo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Quem dera...


Quem dera

Quem dera poder ser o último pra te ver dormir
e acordar mais cedo pra te ver sorrir.
Ser o último a te tocar
e o primeiro a te beijar.
Olhar o sol devagar descobrindo o teu corpo
e navegando por tuas curvas, tão perfeitas até que venha de encontro aos teus olhos
e simplesmente te acorde.
Quem dera poder presenciar esse milagre.
Quem dera que fosse eu aquele a ter a sorte de viver ao seu lado...
Quem dera que fosse eu...

Anderson Rabelo

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Eu que...

Eu que...

Eu que beijei estes lábios
eu que amava,
eu que sonhava,
eu que queria,
eu que buscava.
Eu que respirava,
eu que bebia do mel,
eu que chorava,
eu que sorria,
eu que te queria,
eu que me vejo atormentado.
Eu que sonho,
eu que acordo,
eu que ainda penso e peno.
eu que sei a dor que ainda sinto,
eu que nunca vou esquecer,
somente EU.

Anderson Rabelo