quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Um poema, desabafo, retrato-falado, enfim

 



Ando revisitando o passado

e o passado nada diz.

Dizem que o tempo ensina,

mas eu digo que também castiga

e os meus sonhos não são mais um rastro do meu futuro.

Meus sonhos são rastros de um resquício mal resolvido com o tempo.

Acho que há muito tempo eu não me amo.

Acho que há muito tempo me escondi no buraco da solidão

e quando respiro o amor por dois segundos,

logo vem outros tantos anos de apneia,

epopeia maldita.

Queria mesmo era esquecer o tempo,

mas volta e meia ele aparece na tela fria do meu celular.

Irônico esse destino, não?

Queria fechar meus olhos e entrar numa sala em branco pra recolorir tudo.

Queria esquecer que não sei me apaixonar.

Queria entender como é ser só e não esperar nada de ninguém,

mas não sei,

repito:

não sei.

Se alguém souber se relacionar consigo mesmo, por favor, me ensine.

Se alguém souber transbordar, por favor, me diga como.

Talvez este não seja um poema, talvez seja um desabafo num blog perdido.

Talvez este não seja um desabafo, talvez um retrato falado mal escrito.

Talvez isto não seja nada disso,

talvez seja enguiço misturado com feitiço

e só uma criança que tenha tomado conta do meu cérebro.

É, talvez seja isso!

Agora me retiro.


Anderson Rabelo