quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cabeça



Cabeça

A cabeça é a parte do corpo que te controla.
A parte do corpo que te controla é a cabeça.
A cabeça é a parte do corpo que te controla.
A parte do corpo que te controla é a cabeça.
Se não é ela a parte do corpo que te controla,
Você não passa de um ser influenciável e fraco
Coitado...
A cabeça, pense na cabeça...

Anderson Rabelo

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Aprontando com a Família - Parte I


Aprontando com a Família - Parte I

Estava eu sentado em minha poltrona, quando ouço a voz de Milena dizendo docemente:
-Amooooooor! Tô fazendo a lista dos materiais pro seu aniversário! Quantas velinhas eu tenho que comprar, mesmo? - Eu sei que lá no fundo, ela me ama, mas também sei que ela quis tirar sarro da minha cara. Fiquei mudo, ela e Tobias deram uma gargalhada gostosa, pois eu me vingaria, ah, se vingaria!
Acordei cedo no outro dia. Levei as crianças para a casa dos meus pais para passarem o dia lá. Seis da manhã estava ouvindo meu pai dizer:
- Seis horas! Isso é hora de acordas as pessoas?
- Eu preciso, meu pai, desculpa! - Peguei meu carro e saí voando de volta pra casa para utilizar meus materiais maquiavélicos para me vingar de ter sido chamado de velho.
Subi ao quarto de Sophia, em algum lugar dali eu sabia que Rodolfo estava guardado. (Rodolfo é o ursinho de pelúcia que Milena mais amou/odiou na face da terra) e coloquei na sala. Catei umas molas malucas e um pogobol e coloquei na porta do quarto dela. Consegui um DVD do Rá-Tim-Bum e pus na TV, foi quando ouvi passos na escada. Milena havia levantado.
- Andersoooooon, cadê os meninos?
- Hã, é, amor, levei eles pra casa dos meus pais!
- Que horas? Cedo assim, você é maluco, seu pai deve ter virado uma fera!
- Que nada, moreco, desce aí! - Escutei um grito:
- Aaaaaaiiiii, um pogobol!!! Que lindo!!! - Fiquei feliz, meu plano estava dando certo! Ela perguntou:
- Que que tá passando na TV? Rá-Tim-Bum? Gente, quanto tempo!!! - a cada descoberta de brinquedos antigos que Milena fazia, eu me empolgava mais com o brinquedo e menos com a vingança, no fim, terminamos brincando com tudo o que estava largado pela casa. Elástico, Pogobol, Lego, Pula-Pirata, Tazzo, até a hora que ouvimos a campainha e fui abri a porta. Eram meus pais, já passavam das vinte e três horas. Pendurados no colo do meu pai, Tobias e Sophia, de olhos esbugalhados. Meu pai falou:
- Voltaram à infância? Vocês não acham que estão velhos demais para isso? - Tobias e Sophia seguraram até a hora de meu pai e minha mãe irem embora e, assim que a porta se fechou, os dois gritaram:
- VELHOOOOOOOSSSSS!!! - Explodiram em risos, eu e Milena nos olhamos, os agarramos e fomos mostrá-los a verdadeira forma de se brincar. Nós velhos é que sabemos como nos divertir!

Anderson Rabelo

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Conversando com Tobias - Parte III - Nomes


Estava lavando os pratos do jantar, quando, de repende, ouço aquele chamado firme e carinhoso:

- Mamãe!

Prontamente enxuguei as mãos, me aproximei e respondi:

- Diga, filho...


- Me diz uma coisa...


- O que você quiser...


- De onde você e o papai tiraram o meu nome?


- Por que a pergunta, meu filho? Tá insatisfeito? - Respondi, na esperança de esfregar aquela situação na cara de Anderson com todo o prazer. Mas tive meus planos frustrados quando Tobias respondeu:


- Não, mamãe! De maneira alguma. Na verdade, estou bastante satisfeito. Conheço poucos Tobias, o que me faz sentir único, especial.


- E você é, meu bem. Mas... então qual é o problema?


- Nenhum. Curiosidade, ué, não pode?


- Claro que sim, meu anjo! - Respondi, tentando ganhar tempo para organizar a minha fala - Bom, deixe-me ver... Na verdade, a ideia foi de seu pai. Ele encarnou, desde o início do nosso namoro, que queria, porque queria, que seu nome fosse Tobias.


- Mas, por que?


- Segundo ele, porque lembra aquele famoso poeta Tobias Barreto, porque remete ao interior chamado Tobias Barreto, onde mora parte da família dele e, por fim, porque é um nome Bíblico.


- Hunn... bacana! E você concordou assim, de imediado? Porque, venhamos e convenhamos, não é um nome muito convencional.


- Pra ser sincera, não, filhote. Eu até gostava do nome, mas achava que você seria perturbado pelos seus colegas na escola. Só aceitei quando vi o significado: "Deus é bom".


- Massa o significado!... Mas... Por que eu seria perturbado, mesmo?


- Você sabe...


- Sei?


- O povo iria associar você àquele personagem do charges.com, o Tobby entrevista.


- Ahn? Boiei, mãe! Que charges? Que Tobby? Só quem me chama de Tobby é vovó Alanete. Do que que você tá falando?


- Aquele programinha, meu filho, em que o Tobby entrevistava famosos.


- Nunca vi mais gordo, mãe. Isso é coisa da sua época!


- Como assim "coisa da minha época", menino! Tá me chamando de velha?


- Jamais, mamãe! Mas, vamos combinar que você já tá com uns pezinhos de galinha beirando esses olhos verdes...


- Pezinhos de galinha???


- É, mamãe! Fala sério! O que você esperava? Você já passou dos 30, minha velha!


- "Minha velha"? Não existe mais respeito dentro dessa casa!


- Heeheheheh! Calminha mamita!


- Agora eu me irritei! É pra falar de idade, é? É pra falar de velho? Então vamos jogar limpo nessa estória.


- Amooooooor! - Gritei por Anderson que assistia "Two and a half man" na sua cadeira do papai.- Tô fazendo a lista dos materiais pro seu aniversário! Quantas velinhas eu tenho que comprar, mesmo?


Anderson calou-se e Tobias explodiu em gargalhadas.



By: Milena Farias

Conversando com Sophia - Parte III - A Hora do Banho


- (Cantarolando) Tchau preguiça, tchau sujeira, adeus cheirinho de suoooor...
- Qual é, mamãe, que você tá aí cantarolando desse jeito?
- O que que você acha, gracinha? Ora do banho, ué, já devia saber....
- Ihhhhhhh! Nem vem que não tem! Não tomo banho nesse frio mas neeeeem...
- E você lá tem vontade própria? Vai tomar, sim, e acabou!
- Vixe, mamãe! Pra quem não gostava da fruta, você até que virou uma bela de uma defensora, viu?
- Como é que é a estória, Sophia?
- É isso mesmo! Meu pai me contou tudo!
- Tudo o quê exatamente?
- Tudo. Que quando vocês namoravam você não tomava banho. Quer dizer, até tomava... mas, nos dias frios, chiaaaava antes...
- Ora bolas, mas esse seu pai vai ouvir. Onde já se viu, falar uma coisa dessas pra você.
- Ah, mãe, largue de besteira! Eu e o papai somos amigos íntimos!
- Amigos íntimos... sei... Agora, as histórias dele ele não conta, não é? Já te falei daquela vez que ele foi para o Rio de Janeiro e passou uma semana....
- Já mamãe. Já. Mais de mil vezes.
- Afff... também não precisa ser grossa!
- Olhe só, mãe, de qualquer modo, o que eu tenho percebido é que você e o papai, quando eram jovens...
- Como assim "quando eram jovens"? Eu ainda estou na flor da idade, meu bem!
- Sim, você entendeu... Antigamente, vocês tinham autonomia para decidir quando iam tomar banho. Eu também quero decidir que dia...
- Diaa???
- Tá, tá... que horas fazer minha higiene pessoal. Eu também tenho meus direitos.
- Ahhhhh! É mesmo? Pois eu quero lhe dizer que você está muito desinformada, mocinha! Desde quando, essa casa é regida pelas leis da democracia?
- Ahn? Mas eu sempre soube que ela era...
- Pois é! Falou bem: "era". Pois eu acabo de dar um golpe de Estado e, a partir de agora, o regime é de ditadura e, por sinal, eu aconselho, pro seu próprio bem, que você adiante logo esse banho, porque senão a repressão vai começar!

By: Milena Farias