sábado, 31 de maio de 2008
Castelo de ilusões
Castelo de ilusões
Eu vi seus olhos
e eles não estavam abertos.
Eu chorei minha agonia.
Eu vi tuas mãos, dedos enlaçados;
hoje não sonhei tão bem.
Te via e acordava
e meus olhos abertos
não enxergavam
tua vida,
teu ar,
tua sombra,
tua luz.
Minhas noites, tão cinzas;
meu céu, tão escuro;
tuas mãos apóiam meu rosto
e tão geladas me esperam.
Um dia eu irei vê-la
num castelo de emoções.
Tudo não passa de um
castelo de ilusões.
Anderson Rabelo
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Esperançoso
Nasce a esperança no céu
É a aurora e o luar
Vejo tua face aqui
Vem me chamando pro teu mar.
Cartas nas mãos, eis aqui
Beijos no ar
correndo vão transmitir
o mel que ainda pulsa, circular.
Fito o horizonte, o véu
Não é tão lindo se parar.
Sinto tua mão bem aqui
Sopra o meu rosto, me chama.
Correndo vou te encontrar
Busco o teu mar.
Vejo você me sorrir
e os beijos que te mandei se afogarem...
Anderson Rabelo
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Que professor eu quero ser?
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Que professor?! Eu quero ser...
Que professor?! Eu quero ser o poeta das salas de aula,
O amigo do amigo, seu novo amigo: prazer!
Quero ser o rei, e ao mesmo tempo o servo.
A luz e o interruptor,
A mão que pesca, e o que ensina a pescar.
Quero ser o clichê, mas quero ser o novo,
As últimas idéias e as primeiras,
Quero ser esquecido, mas lembrado pelo tempo,
Quero ser a prosa e a poesia,
O chato e o legal,
A reprise intrínseca ao inédito
E o mar repetindo suas ondas com novos navios em suas costas.
Ah, isso eu quero ser.
Anderson Rabelo
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Retrato no papel
Retrato no papel
O que é a poesia
se não o retrato do poeta
nas letras emotivas do autor
em pensamentos filosóficos ou não?
Apenas riscos numa folha
que uns gostam e outros talvez.
Mas para o poeta importa escrever,
importa dizer para si mesmo
que aquilo que ele sente
pode ser pensado de uma outra forma
de uma maneira particular
no seu próprio universo,
na sua própria prisão
que se chama vida.
Anderson Rabelo
sexta-feira, 9 de maio de 2008
O passeio do Real
O passeio do Real
Em um belo dia de sol, em algum paraíso fiscal...
- Olá Dólar, por aqui também?
- Pois é Euro, vim descansar, pegar um solzinho, aquela vida lá em casa me estressa.
- É verdade, e eu vivo viajando a negócios, agora meu trabalho está ficando cada vez mais cansativo cada vez mais exigente. Aproveitei e trouxe a minha família, e você?
- Também! A esposa, os cents, os primos, sogra, tá todo mundo aí, a mala foi pro hotel, estamos no caixa dois e você?
- Que legal, também estamos lá! Mas, segredo né, você sabe...
- Ih, olha quem vem ali, o baixinho!
- É mesmo, mas o que será que veio fazer aqui? Real, como está rapaz? Que tá fazendo aqui? Pra mim você só passeava em Igrejas, cuecas, Bíblias.
- É, mas dessa vez ganhei uma passagem quando assinei a Caras, agora tô aqui. Trouxe meus primos, o Dez centavos, Dez reais e ainda vieram os sete belos.
- Sete belos?
- Sim, a reencarnação dos Cinco centavos, ele morreu e reencarnou aí, o troco é ele.
- Prático não? – Pensa o Euro.
- Real – diz o Dólar – você sabe né, não to te desvalorizando, mas aqui só entra quem pode né?
- Ué, eu ganhei a passagem, vou ficar.
O Real ficou, passeou no parque dos desvios, foi para o clube da lavagem, namorou no parque da moeda. Enquanto isso o Dólar e o Euro se mordiam:
- Se o Real ficar mais um tempo, vão nos descobrir aqui, nossas férias são sigilosas. – disse o Dólar.
- É verdade, já viu o tanto de foto que ele disse que vai pôr no Orkut? Tem o hotel, o clube, Santa Casa da Moeda...
- O que faremos então? – Tentaram de todas as formas expulsar o Real dali, porém, o Real é gaiato, curtia tudo.
Então, Dólar e Euro, vendo que não tinha mais jeito, resolveram unirem-se à ele, e viram que isso era bom, puderam duplicar-se, somar-se e entraram em sociedades com empresas, universidades, igrejas, políticos, e assim o Real pôde voltar lá outras vezes.
Porém, as fotos no Orkut denunciaram o pobre do Real, e mais uma vez, ele foi deixado de canto e ficaram por cima o Dólar e o Euro.
Pobre do Real, de volta às cuecas...
Anderson Rabeloquinta-feira, 8 de maio de 2008
Encontro da Gramática Normativa e da Gramática Popular
Encontro da Gramática Normativa e da Gramática Popular
- Olá!
- Olá!
- Poderia obsequiar-me? Diz-mo se o auto-ônibus passou por esta avenida.
- (?) Ainda não véi.
- Agradecido.
Alguns minutos depois:
- Meu auto-ônibus, meu nobre conhecido, amplexos em vossa mercê!
-...(¬¬')
O ônibus passa direto e então:
- Prole de uma meretriz fornicadora, motorista iníquo!
- (em risos) Você ainda elogia é?
- Não meu caro..., er..., percebo outro auto-ônibus logo mais à frente, amplexos e ósculos em vossa família.
- Vá lá véi! Cada louco que me aparece...
Anderson Rabelo