sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Reflexões sobre a feiúra





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Reflexões sobre a feiúra

     Esse texto não fala de você ou de alguém que você conheça. Não trata-se também de autoajuda. São reflexões sobre o comportamento de um ser específico inserido em uma sociedade democrática e ditadora.
     Ele nasceu e, até determinada idade, era paparicado por todas as mulheres, era o rei da cocada preta, afinal, era uma criança. Cresceu e a puberdade lhe dera espinh
as, cravos, dentes tortos (ok, isso não é culpa da puberdade, mas sou livre para colocar aqui, afinal, o texto é meu e não seu!), descobrira-se feio, adeus paparicos (faço uma exortação às crianças: Aproveitem as mulheres enquanto podem. Quando crescerem, podem, não mais, ter isto - a não ser que seu pai seja rico e/ou você possua um camaro na garagem). O pequeno feio era um doce. Puro, lindo - por dentro - mas por ser puro, nada que falasse agradava. Para piorar, era gordo. Apaixonou-se algumas vezes, porém frustrava-se sempre. Elas nunca o queriam. É aqui que pretendo deter-me.

     Todo feio é excluído da sociedade. A ele é dado os papeis mais toscos das novelas, a eles é imposto o caráter atrapalhado da história. O feio, se quiser se dar bem, necessariamente tem de ser inteligente - e essa é a melhor e a pior das imposições de uma sociedade democrática, que da democracia, só o demo. O belo já está lá, não necessita de esforços. A eles estão reservados os melhores lugares e as melhore mulheres - aplique isso ao ser feminino também. O feio assusta.
     A feiúra espanta possibilidades. Possibilidades de conhecer um bom coração, um bom ser humano, uma boa conversa. Em festas, o feio não é rei (peço licença às mulheres, as feias, dependendo da noite e do grau etílico, ainda saem no lucro, isso é um fato!). O feio é parceiro da convivência, só por ela é possível descobrir a inteligência por trás daquele desprovido de boa fisionomia (termo politicamente correto, haha). Só então, as chances dele se equiparam ao do belo (quem sabe até não ultrapassa). Aí surge a obrigação de ser inteligente, surge uma obrigação boa, mas difícil. "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades", peço licença ao Tio Ben do Homem Aranha para utilizar sua frase que não é argumento de autoridade, mas traz verdade. Ser inteligente dói. Da cabeça de um feio (e gordo) surgem ideias e ele tem a consciência de que necessita de um tempo para se fazer bonito. Inteligência agrada, mas com o tempo. Mais uma vez afirmo: inteligência dói.
     Existem pessoas que querem simplesmente ser, sem obrigações de saber - e não lhes atribuo culpa, afinal, se todos fôssemos intelectuais, seríamos ótimos insuportáveis escrevendo reflexões, reflexões e não chegando a lugar algum. Defendo o direito de ser feio e feliz. Ser inteligente apenas por prazer. Observem mais os feios. Eles são legais, acreditem! Esta é apenas uma reflexão que não deve levar a lugar algum. Se você é bonitinho, reflita um pouco, talvez você ache algo interessante no meio dos seus pensamentos.

Anderson Rabelo

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